O poço artesiano de número 83 (octogésimo terceiro)* começou a ser perfurado nessa penúltima semana de agosto. Em um raio de aproximadamente 200 (duzentos) metros, já existem outros nove poços perfurados, dois deles em propriedades ao lado, em torno de cinquenta metros de distância.
Desde o início da década de 2000, vimos denunciando e informando aos órgãos ambientais e ao Ministério Público sobre essa "indústria"(?), "farra"(?) de poços no bairro. Essa questão, inclusive, fez com que o bairro ganhasse a pecha, o apelido de "QUEIJO SUÍÇO".
A questão hídrica no Jardins de Petrópolis preocupa. A total inexistência de uma política de gestão dos recursos hídricos, a perfuração desenfreada de poços artesianos, com possível rebaixamento do lençol freático, muitos deles perfurados a poucas distâncias uns dos outros, em alguns casos, a menos de 50 (cinquenta) metros, a escassez de chuvas que a cada ano piora devido à crise climática, além de captações feitas de forma irregular e ilegal em nascentes e córregos, não temos dúvidas, estão agravando e acelerando a diminuição das águas da região, e, consequentemente, da Bacia do Velhas, na qual os mananciais do bairro pertencem.
Diversas nascentes e córregos que sempre foram perenes estão se transformando em intermitentes, e, muitas, literalmente, morrendo, secando. Há poço perfurado a poucos metros de áreas que há alguns anos brotavam água naturalmente. Quem é mais antigo na região, deve se lembrar do laguinho que existia em propriedade localizada em uma das principais vias do bairro, e que podia ser visto por quem passasse por ela. Hoje, o laguinho não existe mais, e onde a água era abundante, existe agora um poço artesiano.
Possíveis interferências em Áreas de Preservação Permanente - APP (margens de córregos e nascentes) também estão ocorrendo, inclusive com desmatamentos e construções de casas.
Todo poço que é perfurado no bairro, e que tomamos conhecimento, encaminhamos solicitação de fiscalização à Polícia Ambiental, solicitando também o encaminhamento das ocorrências ao Ministério Público, para que haja o questionamento junto ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM, sobre os laudos e relatórios do “diagnóstico do raio de 200 metros” e os “testes de interferência”, conforme determina o Decreto Estadual 47.705, de 04 de setembro de 2019, que estabelece normas e procedimentos para a regularização de uso de recursos hídricos de domínio do Estado de Minas Gerais, e que em seu Art. 17 dispõe: “Na análise técnica dos processos de outorga de direito de uso de recursos hídricos para fins de explotação de água subterrânea, por meio de poço tubular profundo, serão considerados: I – os aspectos geológicos e hidrogeológicos do local da intervenção; II – a documentação construtiva do poço; III – a avaliação do teste de bombeamento e recuperação do poço; IV – a avaliação das possíveis interferências hidrodinâmicas, quando houver poços situados em um raio mínimo de 200 m (duzentos metros) de distância; V – a avaliação das interferências do regime de bombeamento do poço na disponibilidade hídrica local; VI – o dimensionamento do sistema de bombeamento”.
Não acreditamos que o IGAM esteja realizando laudos e testes em perfurações que ocorrem no bairro.
*oitenta e três é o número de poços que temos cadastrados, com respectivas localizações, mas estima-se que o número ultrapasse 90 (noventa).
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Bairro cada vez mais "furado"
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Manifestação do CBV sobre o JP https://preservejp.blogspot.com/2021/02/manifestacao-do-comite-de-bacia-do.html
Colapso hídrico também no Jardins
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